6.2.14

TAMBÉM TENHO UM MIRÓ

Eu também tenho um Miró. Uma série de borrões mais ou menos coloridos que valem uma pipa de massa. Estava a pensar vender esta coisa a que chamam pintura. A crise e as almoçaradas impõem um aumento de receitas para poder continuar a desbundar. Eis que me deparo com a Oposição Parlamentar, o Ministério Público e a esmagadora maioria da "opinião pública". Todos acham que devo manter o Miró mesmo que deixe de comer lampreia, lagosta e fios de ovos com ameixas de Elvas. Opõe-se à venda porque é património cultural. Providências cautelares. Acções principais. Até invocam a doutrina cristã da "hipoteca social". Pior, querem que eu exiba o meu Miró num qualquer museu criado para aumentar despesas. Nunca percebi o que dá valor à arte. Há arte protegida e arte desprotegida? Arte que se pode vender e outra não? Porquê? Quem define? O mercado? Então só depois de o mercado querer comprar é que se sabe o valor? E só depois de se saber o valor é que não se pode vender? 

14 comments:

João Menéres said...

É isso mesmo, Jorge !
O seu Miró tem ares de Nova Oeiras, mas, na minha opinião, vale mais que muitos do catalão juntos !

Grande abraço !

Fatyly said...

Sinceramente não sei responder às tuas questões...só sei dizer-te que eu também tenho vários "Mirós" feitos pelos meus netos hehehehe

Esta cena, juntando outras e agora os sorteios das Finanças, é prova cabal da irresponsabilidade e desnorte de uma cambada de putos!!!!

daga said...

No capitalismo é o mercado que define tudo :p

João Menéres said...

JORGE

Hoje o Público inclui duas crónicas muito curiosas -- - Uma do seu amigo Quico, outra do VPV !...

Jorge Pinheiro said...

Vou ver se apanho (Ico, já agora).

Anonymous said...

Mistérios das artes... srsrs

João Menéres said...

O ICO que me desculpe...

Li Ferreira Nhan said...

Não ando a perceber o que se passa a cerca dos tais Mirós. Ouvi um sr do teu governo a falar numa entrevista que gostava do Miró " como pintor" !?!? Aí então é que não entendi mais nada.
Foi mais ou menos quando vi uma senhora também do teu governo a falar sobre o "inconseguimento".
Fiquei mesmo a um " nível frustracional", qualquer coisa tipo " powersoft".
Creio que é o calor. Queima os meus miolos.

Jorge Pinheiro said...

A coisa de facto está a nível frustracional do inconseguimento, num contexto powersoft que só o Miró pode entender..., mas não o deixam falar. O surrealismo invadiu a vida pública. Acho que vamos começar a comer os quadros dos museus com batatas fritas.
ET: a senhora do inconseguimento é a Presidente da do Parlamento.

Li Ferreira Nhan said...

Ah, entendo. Estão a reviver o dadaísmo.
:))

Jorge Pinheiro said...

Dado... dada... dodidada... o futuro da Europa.

Paulo said...

Já agora explica o que é a doutrina cristã da "hipoteca social". Fiquei curioso

myra said...

se nao se tem "marketing" o artista esta "jodido" hoje em dia nao se se reconhece o talento, ma somente QUANTO VALE no mercado....uma desgraca!

Jorge Pinheiro said...

E como se reconhece o talento?