Os meus pais sempre
tiveram uma vida profissional intensa. Quando olho para trás, percebo que não
tive uma infância “normal” para a época. Naquele tempo, as mães ficavam em casa
a tomar conta dos filhos. Não foi o que se passou comigo.
A minha mãe
licenciou-se em Farmácia, na Universidade do Porto, em 1943. A partir de
Janeiro de 1947 (portanto ainda antes de se ter casado), entrou para o quadro
do Instituto Superior de Higiene - Dr. Ricardo Jorge, onde viria a fazer toda a
carreira, até à reforma em 1990.
A sua actividade
foi sempre na área da bacteriologia sanitária. O quadro de pessoal, nesta área,
era então muito reduzido. Era uma área ainda muito embrionária. A minha mãe
trabalhou sobre a direcção do Dr. Arnaldo Sampaio (pai do futuro Presidente da
República, Jorge Sampaio). A esse pequeno grupo, quase pioneiro, se deve a
importância que a bacteriologia viria a ter em Portugal. Um trabalho
apaixonante que em muito ultrapassava o simples emprego. A minha mãe era uma
investigadora.
Logo em 1954,
ela foi bolseira da OMS (Organização Mundial de Saúde). O estágio foi em Paris
no Instituto Pasteur, no Instituto Alfred-Fournier e no Hospital Saint-Lazare,
para aperfeiçoamento das novas técnicas de Imunologia e Serologia da sífilis.
Em 1960, durante 6 meses, voltaria a Paris e ao Instituto Pasteur, onde
trabalhou na investigação sobre o Treponema
Reiter e do Treponema pallidum
(este último responsável pela sífilis). Em Fevereiro de 1970, novamente em
Paris, novo estágio no Instituto Alfred-Founier, para aperfeiçoamento das técnicas
de Imunofluorescência. Aí voltaria em 1978, para actualização dos métodos de
diagnóstico da sífilis.
A minha mãe conta repetidamente a história da surpresa dos médicos quando aparecia uma jovem senhora a falar de sífilis nas aulas de saúde pública. A minha mãe sempre foi muito "avançada".
2 comments:
E por isso teve um filho muito avançado também !
Agora entendo sua mania com doenças...srsrs
Post a Comment