Algures por
volta de 1958/59, a minha mãe concorreu através da Caixa de Previdência do
Ministério da Educação Nacional, de que era sócia com o nº 17845. A ideia
inicial era comprar uma casa própria. Ela não estava muito esperançada. Ficou
em lista de espera e não estava a pensar ser chamada tão cedo. Mas passado
pouco tempo chamaram. Havia possibilidade de empréstimo. Talvez a ideia fosse
uma casa em Lisboa. Mas um colega da minha mãe, o Dr. Conceição Correia, que
tinha já casa em Nova Oeiras, na Rua B, mais tarde Av. António Salazar e hoje
Av. Salvador Allende, uma casa quase ao pé da Estação da CP, entusiasmou-a a
vir para cá. Era perto do comboio. Um bairro a nascer. O Liceu também não era
longe…
O lote
escolhido foi o 138, da Rua A (hoje Alameda Conde Oeiras, nº 65). O meu pai,
como já referi, estava em Paris a frequentar a Écolle de Guerre. Acabou por
recair quase tudo sobre a minha mãe. O pedido acabou por ser atendido em 20 de
Maio de 1960.
O terreno,
custou 226.000$00, despesa não suportada pela Caixa. O empréstimo (autorizado a
23 de Março de 1961) para a construção da casa propriamente dita, foi de
434.000$00. Um empréstimo no regime de propriedade resolúvel, ao abrigo do
Decreto-Lei nº 40.674, publicado no Diário do Governo de 6/7/56. O total foi de
767 contos – terreno, construção e despesas burocráticas diversas. A Escritura
de Compromisso entre a minha mãe e a Caixa foi celebrada em 7 de Abril de 1961
(Cartório Notarial da Rua do Crucifixo, em Lisboa).
Este é o meu
mundo. É nestes 905 metros quadrados que vivo. Que ponho e disponho. É o meu
reino. Uma casa que nasceu e cresceu. Transformou-se e adaptou-se. Renovou-se e
redecorou-se. Uma casa de família ainda nova e que, no entanto, já é velha.
Velha de sentimentos e de presenças. De mortos e de vivos. Quanto mais tempo
será da família? Uma interrogação que não cessa de me atormentar nestes tempos
de crise económica.
3 comments:
A sua mãe teve grande coragem !
Não sei estimar quanto representariam hoje esses 767 contos...
Sei que a casa actualmente vale uma maquia muito significativa.
Como a conheço vista de noite, não sou capaz de de traduzir as alterações ( se as houve no exterior ).
Mas que está rodeada de arvoredo, isso está.
Sabe que ainda não acabei de esvaziar a da Boavista, Jorge ?
( É uma deixa que fica para as suas reflexões. )
Aquele abraço.
Pois, a tralha acumulada é impressionante.
E nunca mais acabo, Jorge, pois seleccionar o que é para o lixo leva semanas e semanas, para não ser ÁS CEGAS.
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