Os primeiros
habitantes de Nova Oeiras não nasceram cá. Vieram colonizar um bairro que
nascia. Nascia moderno, planeado, amplo e diferente. Na época ninguém tinha
consciência disso. Parecia um “far-west” de Lisboa.
Quando cheguei
a Nova Oeiras faltavam ainda construir duas Torres. Parte do Centro Comercial
ainda tinha andaimes. A Alameda era feita de pó. O alcatrão só veio dois ou
três anos depois. Era um pó grosso puxado a vento norte que infestava as poucas
moradias existentes e exasperava as donas de casa mais exigentes.
Não havia
jardins, nem relva. O bosquete era uma promessa em crescimento. As árvores não
passavam de finos prumos ancorados a estacas de suporte na expectativa de virem
a dar sombra um dia mais tarde. As cobras circulavam livremente nos baldios
onde hoje estão os campos de ténis.
Aqui era a
Quinta Grande, dos Marqueses de Pombal. O terreno era duro e agreste. Não era
cultivado desde que a filoxera, algures por volta de 1860, destruíra as vinhas
do Carcavelos. Foi nessa terra dura que desenhámos por entre as ervas bravias
os caminhos de pé posto. Caminhos que ainda hoje se mantêm por entre as árvores
que entretanto cresceram. Por todo lado havia fósseis. Conchas e cornucópias,
inegáveis testemunhos de que o oceano estivera aqui. Vestígios ancestrais que
ainda hoje conservamos e que bem poderiam estar num “museu atlântico”.
3 comments:
Claro que eu não podia saber do nascimento de Nova Oeiras...
Muito importante ter incluído essa já histórica fotografia aérea !
E brinda-nos com o seu estilo literário : escorreito, sintético, directo e esclarecedor.
Julgo que o Tejo fica à direita...
Não podia imaginar uma terra tão árida quando estive aí alguns anos atrás.
Foi em 1961.
Post a Comment