17.3.09

VINHO DO PORTO - I

Julgavam que já se tinham visto livres do Douro? Puro engano. Até 6ª feira o Expresso da Linha tem o prazer de vos contar, com grande detalhe e inegável prazer, os pormenores mais sórdidos dessa mixórdia a que chamam Vinho do Porto. Para desanuviar de tanto álcool, faremos alguma abstinência em sequências postalíferas da velha cidade de Lamego, a Lamaecus dos romanos, onde em tempos inenarráveis habitaram Lígures e Túrdulos.
O vinho do Porto é um vinho natural e fortificado. A noção de fortificado remonta ao tempo em que os ingleses vieram para aqui embebedar-se com mais vigor. Há, porém, historiadores que dizem a tradição existir já no tempo dos Descobrimentos, visando a "fortificação" evitar que o vinho ficasse azedo tão rapidamente. Este vinho faz-se exclusivamente das uvas provenientes da Região Demarcada do Douro. Esta é, de facto, a mais antiga região vitivinícola do mundo, criada por alvará de D. José I, em Setembro de 1756, era ministro o nosso amigo Marquês de Pombal, também Conde de Oeiras, coisa que terá sido determinante num ligeiro aconchego de uvas de Carcavelos no mosto portista... mas isso agora não interessa nada! A principal diferença para os restantes vinhos é que a fermentação do vinho do Porto não é completa. É interrompida dois a três dias depois de ter começado, pela adição de aguardente vínica neutra (cerca de 77º de álcool), mantendo o vinho doce, visto que o açúcar das uvas não chega a ser totalmente transformado em álcool. Este vinho acaba, assim, por ficar nos 18º a 22º graus de alcolémia. A Região Demarcada tem cerca de 40 000 hectares, despenhados por montes e vales em socalcos de vertigem. Divide-se em três zonas principais: Baixo Corgo; Cima Corgo e Douro Superior, sendo as 2 últimas as melhores. A geologia ajudou e o clima também (como veremos amanhã). Até lá, à Vossa!
jp

8 comments:

Maria Augusta said...

Hum, adoro vinho do Porto, legal saber como ele é feito e de onde vem. Você vai falar da diferença na fabricação do branco e do tinto?
Abraços.

José Louro said...

Vinho do Porto só o Vintage ou o LBV. E mesmo assim...
Excelente o cartoon!

Al Kantara said...

Mas no tempo do Marquês, Carcavelos não era mesmo ao lado de Rio Tinto ?...

Anonymous said...

Bom conhecer essa história!E melhor seria visitar, essa região, em companhia do historiador.... srsrs

Alice Salles said...

Como o Eduardo gostaria de visitar e estar com o conhecedor pra ficar bem por dentro de tudo!

Anonymous said...

Eduardo e Alice: A história segue hoje à tarde. Combinem uma vinda ao Douro que tenho todo o prazer em vos guiar.
Rio Tinto é em todo o lado, Al!
Maria Augusta: vou explicar tudo o que conseguir de forma resumida.
José: também não gosto, aliás não bebo álcool. Mas os "tugas" não são grandes apreciadores de Porto. É mais tintol!

Lília Abreu said...

Ah, deste gostei e aprendi. "os ingleses embebedarem-se com mais vigor", só tu, rs
Mas olha, o artigo deu-me vontade de beber um cálice de porto - lá se foi o trabalho dos AA, um dia de cada vez" "há 24h que ñ bebo", rsrs
(brincadeira, por hábito ñ bebo) Mas fez-me lembrar as gemadas com açucr amarelo e vinho do porto que a m/avó me dava em criança...
Esta, ao contrário dos templários, sigo,...

Anonymous said...

Os templários estão-te atravessados... Foi a minha 1ª experiência de escrita. Um baptismo de fogo!