20.6.11

NAQUELE TEMPO


Um dia, sabe-se lá porquê, decidimos montar um restaurante. Arrendámos espaço. Fizémos obras e atacámos o mercado... Foi uma das piores iniciativas que tive em toda a minha vida. A coisa passou-se ali em Caxias, terra morta, de difícil acesso, ao lado da fedorenta ribeira de Laveiras. Acresce que ninguém tinha qualquer experiência de restauração.
 O restaurante. Chamava-se “Cozinha da Cartuxa”. Os sócios eram o Zé Tó, que oferecia a grande vantagem do pai ter uns talhos e a enorme desvantagem de beber que nem uma esponja; o Jó, que só tinha desvantagens e o João e a Raquel, que se encarregaram da cozinha, coisa que nos pareceu o mínimo indispensável para abrir um restaurante. O bar ficou para o Chico Zé e o Zé Carlos. O modelo de negócio era simples. À noite os clientes empanturravam-se no restaurante e seguiam ao bar, onde passariam a noite a beber cervejolas,  whiskies de malte e tostas mistas, até cair para o lado. Às vezes havia música ao vivo. Ao almoço seria mais para negócios. Aos fins de semana, famílias inteiras de caxienses acorreriam, depois da missa, deixando os petizes entretidos no parque infantil, enquanto aumentavam o colestrol nas mesas comunitárias do refeitório. Este era o projecto...
Fotografia de Raul Barbosa (1975)

6 comments:

João Menéres said...

Portanto, a pré-ementa...
E o Jorge, não tinha nenhuma missão ?

( Sigo para o III...)

Al Kantara said...

Não estava mal pensado...

Jorge Pinheiro said...

Al: um plano de negócios imbatível... O pior foi a "passa".

Jorge Pinheiro said...

João: eu era a Missão!

myra said...

formidavel, meu querido Jorge

João Menéres said...

Tou a ver, JORGE !...