Macau é uma terra estranha. Uma neblina
opaca. Uma névoa amarela. Céu de chumbo. Um destino sem horizonte. Um horizonte
sem fronteiras. A terra está no mar. O mar que está por todo o lado. Barcos que
são cais. Juncos, velas, sampanas. Montanhas longínquas. Uma calma quente. Um
calor surdo. Olhos oblíquos. Portas entreabertas. Sorrisos tímidos. Buracos
negros de curiosidade. Uma ponte que liga. Outra que separa. Vielas ancestrais.
A cidade não dorme. Tudo se compra. Tudo se vende. Vidas paralelas. Um bulício
que fala. Uma fala que não se entende. Casinos flutuantes. A vida que se joga.
O destino que se perde. Deuses que sopram. Uma brisa divina. Árvores rubras.
Acácias em flor. Alamedas de sombra. Um bule. O chá. Homens seculares. Obscuridade
intensa. Caracteres indefiníveis. Vidas desconhecidas… Macau é uma expectativa
sem fim. Macau é o começo do início.
In "Há Biscoitos no Armário".Fotografia de Roberto Barbosa (não incluída no livro).
14 comments:
Como estive em Macau, SINTO o realismo de cada palavra, de cada idéia aqui expressas.
Como sempre, a força que o JORGE dá à sua escrita.
nao é prosa é um POEMA!!!e a foto de Roberto Barbosa é um SONHO!!!
Belo texto e bela foto. Ou vice-versa.
escreves soletrado como se embalasses o que queres dizer e nunca dizes totalmente, e eu gosto muito desse modo
Eu nunca estive em Macau, mas o texto me faz sentir como se já estivesse!
↓
"É uma BOA ou Má...cau"?
O texto é ÓTIMO...cau!
Poder de síntese de cau...sar 'inveja'...
Abraço-tchê!
:o)
Macau é terra bilingue!
É nipónica e ocidental...tem sangue luso e vegetação de terra quente!
Macau só comparada a... MACAU!
Encantou-me a descrição e também a imagem.
A propósito de "A cidade não dorme" recordei um episódio - numa das vezes que por lá passei, qd cheguei, a rua estava em obras. Tivemos alguma dificuldade em passar, particularmente, com as malas. Espantei-me, qd no dia seguinte, pela manhã, a obra estava pronta em frente à nossa casa! -
Obrigado aos que conhecem Macau por confirmarem esta descrição. Eu só conheço pelas fotos do Roberto.
Sim, JORGE, tem, geralmente, uma luz muito má para se fotografar.
Mas, claro, também se pode aproveitar para obter resultados como este que o Roberto conseguiu.
Nem digo nada... Quero ler tudo!
Também quero ler tudo... nunca estive lá, mas a tua descrição é atraente ...
se calhar a realidade desilude depois do texto ;)
beijo
Como sempre o teu texto é único!
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