20.2.12

HISTÓRIA DE MACAU - XXIII

Finalmente, a 29 de Janeiro de 1967, o Governo de Macau e as autoridades da República Popular da China, chegaram a um acordo, assinado na sede da Associação Comercial. Tudo foi humilhante naquele acordo. O local, o conteúdo, a forma. O Governo pediu desculpas à comunidade chinesa, renunciou à ocupação perpétua sobre Macau, reconhecendo o poder e controlo de facto dos chineses sobre Macau. Nos termos do acordo, foi ainda proibido dar apoio ou asilo político aos nacionalistas do Kuomintang. Foram entregues à China cinco guerrilheiros nacionalistas, que foram imediatamente fuzilados. Procedeu-se à indemnização das famílias das vítimas. Ficou claramente marcada a posição da China. Portugal apenas estaria em Macau enquanto a China quisesse. A autoridade da elite chinesa pró-Pequim, saiu altamente reforçada. Nobre de Carvalho, o Governador, arriscou muito. Ele cortou o “nó górdio” ao assinar o Acordo. Lisboa nunca aceitou o texto. Salazar limitou-se a condescender, num “faça o que entender”, que deixava antever o pior, se as coisas corressem mal. Foi um acto de coragem. Assinar o Acordo era a única saída para conservar o território. Os chineses não podiam perder a face. A verdade é que nunca mais houve uma sublevação em Macau. Foi como se, de repente, todos respirassem de alívio. A Revolução Cultural demorou ainda quase dez anos. Mas, em Macau, a vida voltou ao normal. As manifestações prosseguiram, é certo, mas eram agora “formais”. Tudo era previamente acordado com as autoridades portuguesas. Não havia problemas. Os chineses tinham marcado o seu ponto. O bambu vergou, mas não quebrou. O Governo de Macau aprendeu a lição.

1 comment:

Li Ferreira Nhan said...

A tal fábula do bambu e o Carvalho...