Finalmente,
a 29 de Janeiro de 1967, o Governo de Macau e as autoridades da República Popular da
China, chegaram a um acordo, assinado na sede da Associação Comercial. Tudo foi
humilhante naquele acordo. O local, o conteúdo, a forma. O Governo pediu
desculpas à comunidade chinesa, renunciou à ocupação perpétua sobre Macau,
reconhecendo o poder e controlo de facto
dos chineses sobre Macau. Nos termos do acordo, foi ainda proibido dar apoio ou
asilo político aos nacionalistas do Kuomintang. Foram entregues à China cinco
guerrilheiros nacionalistas, que foram imediatamente fuzilados. Procedeu-se à
indemnização das famílias das vítimas. Ficou claramente marcada a posição da
China. Portugal apenas estaria em Macau enquanto a China quisesse. A autoridade
da elite chinesa pró-Pequim, saiu altamente reforçada. Nobre de Carvalho, o
Governador, arriscou muito. Ele cortou o “nó górdio” ao assinar o Acordo.
Lisboa nunca aceitou o texto. Salazar limitou-se a condescender, num “faça o
que entender”, que deixava antever o pior, se as coisas corressem mal. Foi um
acto de coragem. Assinar o Acordo era a única saída para conservar o
território. Os chineses não podiam perder a face. A verdade é que nunca mais
houve uma sublevação em Macau. Foi como se, de repente, todos respirassem de
alívio. A Revolução Cultural demorou ainda quase dez anos. Mas, em Macau, a vida
voltou ao normal. As manifestações prosseguiram, é certo, mas eram agora
“formais”. Tudo era previamente acordado com as autoridades portuguesas. Não
havia problemas. Os chineses tinham marcado o seu ponto. O bambu vergou, mas
não quebrou. O Governo de Macau aprendeu a lição.
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1 comment:
A tal fábula do bambu e o Carvalho...
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