São pontos e vírgulas inconvenientes. Concordâncias indesejáveis. Plurais enganadores. Gralhas atrás de gralhas que se instalam nas palavras deslizantes dos parágrafos escorregadios. Bactérias resistentes. Micróbios que alastram na ortografia cansada da escrita exaurida. Maiúsculas em vez de minúsculas. Caixa alta, caixa baixa. Espaços que não deviam existir. Letras à solta num mundo incontrolável. Lemos e relemos sempre a corrigir. Como se o livro tivesse vida própria. Já passamos por ali e nada vimos. A gralha ora salta, ora se esconde, num jogo viciado que atraiçoa o autor. Infidelidade sem género. Género sem adjectivo. Finalmente vem o Mono. A prova física da nossa culpa. A exibição derradeira dos nossos erros. O Mono é uma espécie de juízo final. Depois dele só a ressurreição. Já não temos tempo para nos redimir. Olhamos desesperados tentando a última confissão. Deixamos na margem as últimas vontades. Já mais nada podemos fazer. Entregamos a alma ao Criador. Amanhã vai para as máquinas e seja o que Deus quiser.
1.12.13
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10 comments:
alto lá! um livro tem existência própria sim senhor! depois de escrito, dizes-lhe adeus que parte "para o mundo"... não interessa se tem gralhas, se não as viste - descansa e usufrui da obra realizada!
beijo, perfeccionista!
(mas eu compreendo mt bem)
Para o próximo, ofereço-me como revisor...
Isso é que dizem todos, mas depois... O mundo é das gralhas :))
Oba! Que venha! E que venha com tudo!
(Não percebo nada das gralhas e do mono. Penso em aves e símios)
Gralhas são erros ou coisas mal. "Mono" é como se chama a hard-copy antes da derradeira correcção.
Aqui Mono é Prova. E pelo que vejo na imagem, esta lindão!
Não acredita na minha capacidade ?
Tudo bem.
Acredito sim senhor.
Fico mais sossegado !
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