A minha mãe ia
a Paris levar os projectos da casa. O pai estava a fazer um curso, na École
Supérieur de Guerre, no Champs de Mars, bem à frente da Tours d’Eiffel. Ali
permaneceu dois anos, de 1959 a 1961, precisamente no tempo em que a casa foi projectada.
Ele tinha de aprovar. Fazia ligeiras alterações que estão, aliás, anotadas nas
plantas da moradia. Sim, que o meu pai era militar mas podia ter sido
arquitecto, engenheiro, pintor ou mesmo escultor. Podia ter sido o que
quisesse. E foi assim que a casa ficou virada a Oeste, de trombas para a casa
do lado, em vez de ficar virada a Sudoeste, desfrutando do acesso directo ao
jardim.
A verdade é
que, naquele tempo, o conceito de jardim era muito intelectual. Coisa de
excêntricos paisagistas. O conceito era mais de quintal. E para quem vinha da
distante Bragança, a horta estava indelevelmente integrada no ADN familiar.
Dividir os 700 metros quadrados de terreno não construído em leiras de
couves-galegas, tomate, alface, cenouras, árvores de fruto variadas e umas
quantas galinhas poedeiras legorne,
era a transposição para a cidade da aldeia mitificada. Foi isso que foi feito pelos
meus pais. Usar o terreno não para disfrutar, mas para agricultar. Um conceito
que hoje volta a estar na moda.
3 comments:
E que tratem de praticar, pois sempre haverá umas batatas, umas cebolas, umas couves, e outros produtos a gosto.
E se puderem ter um galinheiro para o tenório ser feliz, melhor.
Um arroz de cabidela de ave pica no chão e ovos frescos, óptimo !
Se sobrar um nico de terreno, plantem umas flores e umas plantas aromáticas.
Ah, gente de Trás-os-Montes, fortes e sábios.
Meus avós trouxeram pra cá esse jeito de construir e viver.
E eu continuei essa história quando construi a minha casa.
Que boa ideia a sua de voltar a remexer no passado.
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