Suspeito que
foi a tia Natália a responsável pela minha, aliás incipiente, educação
religiosa. Padres e bispos sempre foram uma constância na vida dela. Não
percebo a quem saiu. A avó Teresa (Teresa de Jesus Alves) era tudo menos
religiosa. “Ai Jasus” era o máximo que se lhe ouvia dizer. Uma interjeição de
espanto que não correspondia a qualquer devoção particular. O avô Francisco
(Francisco do Patrocínio Pinheiro) também não era de todo dado a religiões. O
meu pai e o irmão, Emídio, iam à missa por obrigação, naquelas ocasiões solenes
a que ninguém consegue escapar. A quem terá “puxado” a tia Natália?
Talvez por
força da sua tutela de proximidade, acabei por ir à catequese ali na rua de
Santa Marta. O catequista conseguia cativar-nos aos Domingos de manhã graças a
uma óptima selecção de bolos à base de chantilly
vindos directamente da pastelaria da esquina. Um excelente incentivo para
empinar o Padre-Nosso, o Credo e a própria Avé Maria. A verdade é que, mais
bolo menos bolo, fiz a Primeira Comunhão e até o Crisma, para gáudio da tia e
demais familiares. Pouco mais fui à missa, excepto esperar miúdas à saída da
dita. Ite missa est!
3 comments:
Tive uma tia avó de nome Teresa Clara de Jesus.
Quase podíamos ser primos, Jorge !...
Não é do meu tempo ( não conheci nenhum avô, nem nenhuma avó ( ( nem a respectiva irmandade de ambos os ramos ascendentes).
"País Católico" não é rótulo em vão.
A mim falavam para nunca acreditar em padres! Fui instruída a nunca frequentar a sacristia. Nunca ficar sózinha com um padre e nunca aceitar doces, balas, refrescos ou santinhos vindo deles.
A minha catequese (coisa obrigatória naqueles anos) foi vigiada muito de perto por uma tia-avó viúva portuguesa.
Foi mesmo uma mera formalidade.
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