16.12.16

COMIGO MESMO - XI


Suspeito que foi a tia Natália a responsável pela minha, aliás incipiente, educação religiosa. Padres e bispos sempre foram uma constância na vida dela. Não percebo a quem saiu. A avó Teresa (Teresa de Jesus Alves) era tudo menos religiosa. “Ai Jasus” era o máximo que se lhe ouvia dizer. Uma interjeição de espanto que não correspondia a qualquer devoção particular. O avô Francisco (Francisco do Patrocínio Pinheiro) também não era de todo dado a religiões. O meu pai e o irmão, Emídio, iam à missa por obrigação, naquelas ocasiões solenes a que ninguém consegue escapar. A quem terá “puxado” a tia Natália?
Talvez por força da sua tutela de proximidade, acabei por ir à catequese ali na rua de Santa Marta. O catequista conseguia cativar-nos aos Domingos de manhã graças a uma óptima selecção de bolos à base de chantilly vindos directamente da pastelaria da esquina. Um excelente incentivo para empinar o Padre-Nosso, o Credo e a própria Avé Maria. A verdade é que, mais bolo menos bolo, fiz a Primeira Comunhão e até o Crisma, para gáudio da tia e demais familiares. Pouco mais fui à missa, excepto esperar miúdas à saída da dita. Ite missa est!

3 comments:

João Menéres said...

Tive uma tia avó de nome Teresa Clara de Jesus.
Quase podíamos ser primos, Jorge !...
Não é do meu tempo ( não conheci nenhum avô, nem nenhuma avó ( ( nem a respectiva irmandade de ambos os ramos ascendentes).

Silvares said...

"País Católico" não é rótulo em vão.

Li Ferreira Nhan said...

A mim falavam para nunca acreditar em padres! Fui instruída a nunca frequentar a sacristia. Nunca ficar sózinha com um padre e nunca aceitar doces, balas, refrescos ou santinhos vindo deles.
A minha catequese (coisa obrigatória naqueles anos) foi vigiada muito de perto por uma tia-avó viúva portuguesa.
Foi mesmo uma mera formalidade.