A tradição da Festa dos Tabuleiros foi instituída pela rainha Santa Isabel, na
lógica do Espírito Santo, imediatamente a seguir à dissolução da Ordem do
Templo e à criação da Ordem de Cristo que lhe sucedeu. Isto no século XIV. As donzelas do povo
percorrem as ruas levando à cabeça uma enorme cesta com pães e flores, com 15kg
cada, pagando simbolicamente um tributo. A provável origem
directa da tradição poderá estar numa lenda do norte da Península: em tempos
distantes, Mauregato, sucessor de Silo das Astúrias, terá pactuado com os
muçulmanos, obtendo a paz em troca de um pagamento anual de cem donzelas, o
que, diga-se de passagem, nem sequer me parece excessivo… A batalha de Clavijo,
com mais uma milagrosa aparição de Santiago, montado no habitual cavalo branco,
deu a vitória aos cristãos e terá acabado com aquele infame tributo.
Mas esta tradição é, obviamente, muito mais antiga,
remontando ao mito cretense de Teseu e do Minotauro, correspondendo aos ritos
proto-históricos de fertilidade.
A festa é em Julho, mas agora apenas de quatro em quatro
anos, por “razões administrativas”. Se fosse nos tempos antigos, eram
quatrocentas donzelas de uma só vez… É muito! De tradição em tradição, fomos ver neste sábado...