O
almoço aproximava-se rapidamente sob a forma de uma nojenta canja de perdiz
carregada de miúdos, seguida de rojões com batata entalada ou alheira com grelo
cozido. Para rematar, o habitual queijo com marmelada. Em dias especiais havia
pisperno com batatas e nabo cozido. Sobremesa, o fumegante chouriço de mel com
amêndoas, com apetitoso aspecto a cocó fresco e sabor a goiabada de porco.
À
noite, a bisavó Marta, com lúcidos 99 anos, vestia-se a preceito enfrentando o
preto e branco da televisão Grunding com sorriso de cerimónia. Respondia à
locutora de serviço na certeza de que estava logo ali, dentro da caixa iónica,
e que falava directa e exclusivamente para ela. Era escusado qualquer tentativa
de explicação do conceito de teledifusão. O diálogo era ponto a ponto… e
pronto!
4 comments:
Estupenda crónica, Jorge !
Uma delícia esse "diálogo" da biaavó Marta com a locutora de serviço !
Não sei o que seja PISPERNO...
Presunto grosso, demolhado e depois cozido.
A saga familiar continua. Quantos capítulos terá?
Nunca tinha ouvido falar .
muito obrigado.
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